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Juliana Correia |
Nos últimos anos, especialmente a partir de 2012, tenho lido muito, estudado muito e convivido com pessoas extremamente provocadoras, engajadas à luta antirracista. Aos poucos, consigo me perceber cada vez mais liberta dos tentáculos da supremacia branca, que, como ensina a professora Dra. Ama Mazama, é um complexo que atua pela violência física (escravidão, genocídio, encarceramento do povo preto), pelo controle político-social, monopolizando os bens materiais e imateriais, e (talvez o pior de todos) pela subjetividade, incutindo às mentes os valores, os conceitos, os padrões europeus como indispensáveis, fundamentais, universais. Em um determinado ponto, me alivia hoje conseguir identificar tais questões, até pra poder me defender. Mas, ao mesmo tempo, bate uma tristeza enorme por ver irmãos e irmãs ainda caindo nas armadilhas desse sistema opressor.
O racismo não escolhe hora e lugar. Ele "simplesmente" já está lá, impregnado. Como bem escreveu Marimba Ani, é preciso a descolonização intelectual para que ocorra a descolonização política. Não participar de certos eventos, certas manifestações culturais, certos espaços, é posicionamento político.
E é libertador não fazer parte de uma engrenagem que corrobora, sistematicamente, com o individualismo, o mito da democracia racial e a banalização dos nossos corpos. Não se iluda! A única preocupação em jogo são as cifras. Todo o resto não passa de estratégia para manutenção do mesmo cenário genocida em que nós, enquanto povo preto, vivemos. Gente graúda lucrando muito com isso! A nossa emancipação não se dará por meio da autopromoção via fotos em rede social.
OBS: Texto extraído da pagina no facebook da jornalista JULIANA CORREIA, publicado por Ruy de Oliveira Costa- Roc Síntese.
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